(foto pessoal Anchieta ES)
"Quando observamos da praia, um veleiro a afastar-se da costa navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa onde o mar e o céu se encontram.
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.
Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.
O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.
Mas ele continua o mesmo, E, talvez, no exato instante em que alguém diz: "já se foi", haverá outras vozes, mais além, a afirmar "lá vem o veleiro."
Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível, dizemos: "já se foi".
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu.
Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.
Conserva o mesmo afeto que nutria por nós.
Nada se perde a não ser o corpo físico de quem não mais necessita no outro lado, o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos:
"já se foi", no mais além outro alguém dirá feliz: "já está chegando".
Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.
A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.
Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico, noutro, partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir. como viajantes da imortalidade que somos todos nós."
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Roselia querida,
ResponderExcluirQue escolha linda!
Que texto profundo e consolador!
A metáfora do veleiro é de uma beleza rara transforma a dor da separação em esperança serena, lembrando-nos que nada se perde, apenas muda de lugar. É reconfortante pensar que, enquanto dizemos ‘já se foi’, em outro porto alguém anuncia com alegria ‘já está chegando’. Assim o coração encontra paz na certeza da continuidade da vida.
Obrigada por compartilhar essa reflexão tão necessária e cheia de luz.
Beijinhos fraternos,
Fernanda 😘
Que belo texto nos trouxe!
ResponderExcluirAdorei ler este autor que compara um veleiro que desaparece
no horizonte à outra partida que choramos com saudade. É bem certo.
Enquanto uns dizem "já se foi" outros dão alvissaras porque está a
chegar. A vida no seu vaivém, espantando-nos e obrigando-nos a reflectir.
Tudo de bom lhe desejo, querida Rosélia.
Beijinhos
Olinda
Wow, this analogy of the sailboat disappearing over the horizon but arriving at another shore is such a beautiful and peaceful way to think about life and death. It really makes you pause and realize that our loved ones don't just "vanish," but are simply traveling to their next destination with everything they've ever been intact. www.melodyjacob.com
ResponderExcluirUau, essa analogia do veleiro desaparecendo no horizonte, mas chegando a outra margem, é uma maneira tão linda e tranquila de pensar sobre a vida e a morte. Realmente nos faz parar e perceber que nossos entes queridos não "desaparecem", mas estão simplesmente viajando para o próximo destino com tudo o que sempre foram intacto.
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